Publicado em 24 de abril de 2025
A moeda americana, por muito tempo sinônimo de força e estabilidade no cenário global, vem enfrentando um movimento expressivo de desvalorização. Segundo Jan Hatzius, economista-chefe do Goldman Sachs, o dólar “ainda tem muito espaço para cair”.
A declaração foi publicada em artigo de opinião no Financial Times nesta quinta-feira (24), e já repercute entre investidores e analistas mundo afora.
Abril foi um mês histórico
O dólar perdeu mais de 4,5% só em abril — a maior queda mensal desde o fim de 2022. No acumulado de 2025, a desvalorização frente a uma cesta de moedas importantes já ultrapassa 8%.
A combinação entre novas tarifas impostas pelos EUA, incertezas geopolíticas e temores de recessão global está provocando um redirecionamento de capital. Investidores têm se afastado de ativos denominados em dólar, acendendo alertas sobre uma possível crise de confiança na principal moeda de reserva do mundo.
O que isso significa para o mercado?
Para Hatzius, um dólar mais fraco pode ter efeitos mistos:
- Torna as exportações dos EUA mais baratas, favorecendo o comércio externo;
- Ajuda a reduzir o déficit comercial americano, aliviando parte das pressões recessivas;
- Por outro lado, pode aumentar a inflação em um ambiente em que os preços já estão pressionados pelas tarifas.
O economista reconhece a dificuldade de prever o comportamento cambial, mas aposta que a tendência de queda do dólar ainda não chegou ao fim. “Com toda a humildade, acredito que a recente desvalorização de 5% ainda tem muito a avançar”, afirmou.
E o status do dólar como moeda de reserva?
Apesar da pressão recente, Hatzius destaca que a fraqueza do dólar não deve ser confundida com a perda de seu papel dominante. A moeda americana ainda oferece vantagens estruturais como meio de troca global e reserva de valor, que não devem ser superadas facilmente.
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